Assim como para empresas de qualquer porte e área de atuação, diversidade e inclusão são dois valores extremamente importantes para uma startup. Além de gerar benefícios para a sociedade e para a economia, eles trazem vantagens competitivas para os negócios, contribuindo para maiores índices de inovação e colaboração no ambiente de trabalho, que se refletem em resultados financeiros superiores e uma maior retenção de talentos.
A pesquisa “Diversity Matters: América Latina”, da McKinsey & Company, mostra que funcionárias e funcionários de empresas que adotam políticas de diversidade têm probabilidade 152% maior de tentar novas formas de fazer as coisas e propor novas ideias e são 63% mais felizes quando comparados a profissionais de empresas que não promovem tais práticas.
Além disso, colaboradoras e colaboradores dessas companhias afirmam que elas estão mais propensas a aplicar ideias externas para melhorar sua performance, assim como a usar o feedback dos clientes para melhorar seu atendimento, entre muitas outras vantagens.
Por onde começar
Os conceitos de diversidade e inclusão são amplos e complexos, porém, é possível observar 5 grupos que costumam ser mais influenciados quando falamos sobre esses dois temas, de acordo com as seguintes características: idade, gênero, orientação sexual, etnia e deficiência. Voltar a atenção para esses pontos pode ser uma ótima forma de começar a fazer a diferença.
No Brasil, essa agenda vem ganhando cada vez mais espaço, mas ainda existem algumas dificuldades na hora de lidar com ela em ambientes corporativos.
Uma pesquisa realizada pela consultoria Talento Incluir em parceria com o Vagas.com elencou as principais barreiras citadas pelas empresas brasileiras: falta de informação (48%), aceitação e respeito dos gestores (25%), aceitação e respeito dos colegas (14%), falta de preparo da área de Recursos Humanos (9%) e, por último, discriminação (4%).
A maioria dessas questões pode ser resolvida com capacitação e comprometimento dos líderes e funcionários, seguindo os 7 passos listados abaixo:
- Conscientização das lideranças
- Coletar dados e eleger prioridades
- Identificar práticas que atrapalham a diversidade e inclusão
- Preparar o ambiente de trabalho
- Adaptar os processos seletivos
- Procurar ajuda especializada
- Medir e divulgar os resultados
1. Conscientização das lideranças
O primeiro passo para promover boas práticas de diversidade e inclusão em uma startup é, sem dúvidas, poder contar com o comprometimento das suas lideranças. O objetivo de construir um time diverso, assim como uma cultura organizacional inclusiva, ganha força quando é uma preocupação real para quem ocupa os cargos de tomada de decisões.
Se você é líder de uma startup, busque conhecimento sobre a importância de promover a diversidade e a inclusão na sua empresa. A sua influência é essencial para ecoar esses valores para todo o time.
“Para que se torne um valor compartilhado por todas e todos da empresa, a equidade de gênero deve ser considerada uma prioridade estratégica para a liderança.”
Esse trecho foi retirado da cartilha Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups, produzida pela WE Impact em parceria com a ONU Mulheres e Gema Consultoria em Equidade, que aponta mecanismos para promover melhores práticas de inclusão e ascensão de mulheres nas startups. Apesar do foco na equidade de gênero, seus mecanismos podem ser aplicados para promover todos os tipos de diversidade.
A mobilização das lideranças é essencial, mas isso não significa que a iniciativa só possa surgir “de cima para baixo”: há diversos casos em que a organização de colaboradoras e colaboradores em torno de questões ligadas à diversidade influenciaram suas lideranças a tomarem ação nessa área.
2. Coletar dados e eleger prioridades
Antes de partir para a ação, entenda qual é a situação atual da sua empresa. É preciso saber onde você está para criar estratégias e objetivos!
Para isso, realize uma coleta de dados sobre o perfil dos seus colaboradores e colaboradoras de acordo com aquelas 5 características citadas no início do artigo.
Com todas as informações consolidadas, faça uma avaliação para definir o nível de diversidade do time, qual é a característica com menor representatividade e os setores que merecem mais atenção. Eles poderão ser o seu ponto de partida.
3. Identificar práticas que atrapalham a diversidade e inclusão
É importante também avaliar se algo está atrapalhando o desenvolvimento de uma cultura de diversidade dentro da sua startup.
Muitas vezes os obstáculos surgem de forma inconsciente, com a reprodução do machismo e do racismo estruturais, diferenças de salário que nunca foram questionadas e tratamento preferencial a um determinado grupo.
Uma avaliação minuciosa das práticas internas, com o olhar apurado para padrões de exclusão e discriminação, poderá trazer as respostas necessárias nessa etapa.
4. Preparar o ambiente de trabalho
Após entender quais são os pontos que atrapalham boas práticas de diversidade e inclusão, é necessário cuidar para que eles acabem.
Isso pode ser feito com a realização de treinamentos sobre o tema, com campanhas que incentivem o respeito, e com a criação de normas contra a discriminação e violência… o que for preciso para que todas e todos se conscientizem e posam se sentir seguros, física e psicologicamente, naquele ambiente.
Pode ser necessário alterar também a estrutura física da empresa, se o local não possuir acesso adequado para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, por exemplo.
Já no caso de uma campanha para a contratação de um maior número de mulheres, questões como a quantidade de banheiros femininos e locais adequados para a amamentação também devem entrar em pauta.
5. Adaptar os processos seletivos
Os processos seletivos usais estão atraindo sempre o mesmo tipo de pessoas? É hora de mudar a abordagem, criando campanhas de seleção com vagas afirmativas para os novos grupos pretendidos e/ou estabelecendo metas específicas de contratação de pessoas desses grupos.
Atualmente, diversas empresas criam políticas e programas para a inserção de grupos minorizados no mercado de trabalho. Um exemplo é o da fintech Nubank, com o “Yes, She Codes”, voltado para a contratação de engenheiras de software, que incentiva mulheres na área de tecnologia.
6. Procurar ajuda especializada
Mesmo criando processos seletivos afirmativos, muitas empresas ainda encontram dificuldades para “furar a bolha” e fazer com que as suas vagas cheguem até as/os profissionais diversos que buscam.
Procurar o apoio de empresas, ONGs, consultorias e ferramentas especializadas em diversidade e inclusão no mercado de trabalho é um bom caminho nesses casos, e não faltam iniciativas desse tipo no Brasil voltadas especificamente para o processo de contratação.
Algumas delas são:
Jobecam: uma plataforma que utiliza a Inteligência Artificial para realização de entrevistas de emprego às cegas. A solução permite reduzir os vieses inconscientes e dá foco aos talentos dos candidatos, promovendo processos seletivos mais inclusivos.
DuplaTech: a iniciativa promove a conexão entre mulheres que querem trabalhar na área de tecnologia e empresas que estão em busca de novos talentos.
Egalitê: startup que utiliza a Inteligência Artificial para realizar a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Promove a conexão entre organizações e candidatos através da seleção, capacitação e acompanhamento dos relacionamentos.
TransEmpregos: o maior banco de dados voltado para a empregabilidade de pessoas Trans no país. Além de realizar a ponte entre os currículos e as empresas, permite que usuários se inscrevam em cursos de formação e outras atividades.
7. Medir e divulgar os resultados
Assim como as outras metas da empresa, os objetivos e ações voltados para a diversidade e inclusão devem ser registradas, mensuradas e analisadas.
Caso o resultado seja diferente do desejado, será preciso rever e aperfeiçoar as estratégias e, caso seja positivo, poderá ser compartilhado interna e extremamente, gerando um efeito multiplicador.
Lembre que está lidando com pessoas
Promover a diversidade e inclusão dentro de uma empresa é extremamente importante, mas é algo que deve ser feito com muita atenção.
Essa estratégia toca diretamente em outras vidas e não dever ser pensada como uma simples iniciativa de marketing ou números em um relatório. O processo vai muito além desses 7 passos ou da assinatura de um contrato.
Antes de iniciar um processo seletivo com esse objetivo, certifique-se de que as novas pessoas contratadas para o time serão recebidas com respeito e terão acesso a toda a estrutura necessária para realizar seu trabalho com segurança e dignidade.
A contratação é apenas um dos inúmeros mecanismos que podem ser adotados para tornar a sua startup mais diversa e inclusiva. Baixe a cartilha Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups e comece a transformar o ecossistema desde já.