Você já parou para pensar nos índices de equidade de gênero na sua empresa, no seu país e no mundo?
Desde 2006, o Fórum Econômico Mundial avalia o progresso em direção à paridade de gênero e compara as desigualdades entre homens e mulheres de diferentes lugares do mundo. São consideradas quatro áreas: participação e oportunidade econômica, realização educacional, saúde e sobrevivência, e empoderamento político.
O Brasil está entre os países participantes do estudo. De acordo com o “Global Gender Gap Report 2023”, pulamos da 94ª para a 57ª posição no ranking dos países com melhor paridade de gênero.
O acesso relativamente igualitário à saúde e à educação é o que impulsiona nossa média, mas ainda há muito trabalho a ser feito em relação ao empoderamento político – critério que mais tem melhorado -, e a participação e oportunidade econômica.
No cenário global, o progresso é menor do que o esperado
A redução na desigualdade de gênero em comparação com o ano passado foi de apenas 0,3%. Nesse ritmo, as mulheres só alcançarão a paridade com os homens em 2154, ou seja, daqui a 131 anos!
Quando avaliamos a paridade econômica global, o cenário é ainda mais preocupante. Embora tenha havido progresso nas áreas de escolaridade, saúde e sobrevivência, e empoderamento político, a lacuna na participação econômica regrediu. O Fórum Econômico Mundial estima que levará 169 anos para alcançarmos a paridade nesse aspecto.
Um fator tão importante não deve avançar de forma tão lenta e frágil. Pensando nisso, convocamos algumas integrantes da WE Impact Network para compartilhar insights sobre como reduzir as lacunas de gênero na empresa em que atuamos e, consequentemente, na economia como um todo.
Cynthia Zanoni, Global Cloud Advocate e Líder do comitê de Equidade de Gênero na Microsoft, mentora WE Impact e fundadora da WoMakersCode; Marcella Ceva, CIO do WE Ventures; e Eliane Gama, Gerente de People da Cashin, nos dão dicas para alcançar a equidade de gênero de forma mais rápida. Confira a seguir:
Intencionalidade na contratação e parcerias
Conscientização sobre equidade de gênero
A conscientização precisa ir além das paredes das empresas
Diversidade da base ao topo
“É importante que as empresas e startups se comprometam a criar ambientes de trabalho inclusivos e equitativos.” Essa é a primeira dica compartilhada pela nossa mentora Cynthia Zanoni.
Para ela, o ponto chave dessa missão é a adotar políticas de equidade de gênero. A contratação e promoção de mulheres em cargos de liderança e a criação de programas de treinamento para o público feminino são alguns exemplos.
Eliane Gama, Gerente de Pessoas da Cashin, startup #investidaWEImpact, também cita as boas práticas de diversidade e inclusão como pontos fundamentais para diminuir as lacunas de gênero nas empresas.
“É necessário construir uma cultura inclusiva, com ações afirmativas e representatividade, a fim de preparar mais mulheres para assumir cargos de tomada de decisão e contar com modelos que sirvam de inspiração e motivação”, afirma.
Ela acredita que, em geral, essas pautas não vêm sendo trabalhadas com a agilidade necessária, e cita algumas ações possíveis para reverter esse cenário:
É fundamental ter mais mulheres em cargos de liderança e superar desafios como maternidade, falta de flexibilidade no trabalho e discriminação. Para vencer essas barreiras, é imprescindível que a alta liderança se engaje e impulsione soluções efetivas, indo além das iniciativas que mobilizam os colaboradores para o tema. Um bom começo é a revisão de políticas e sistemas, abraçando a presença feminina em todos os níveis hierárquicos.
Eliane Gama, Gerente de People da Cashin
Intencionalidade na contratação e parcerias
As mulheres representam apenas 25% da força de trabalho total da indústria digital, segundo a ONU Mulheres, e ganham 34% a menos do que os homens no setor de tecnologia, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE. Esses são alguns dados citados por Cynthia Zanoni para reforçar a necessidade de realizar ações intencionais focadas na contratação e no apoio à jornada profissional das mulheres.
Para compartilhar uma ação prática nessa área, ela relembra que, em 2022, a WE Impact e a WoMakersCode se uniram para apoiar a empregabilidade de mulheres nas startups de tecnologia, visando fomentar novas oportunidades e o crescimento de negócios.
Esse é um exemplo de ação afirmativa que deve ser levada para empresas de todos os setores. Além disso, garantir que as mulheres recebam salários iguais aos dos homens e tenham acesso a oportunidades de crescimento profissional é crucial para a construção de um mercado mais justo.
Cynthia Zanoni, Global Cloud Advocate na Microsoft, mentora WE Impact e fundadora da WoMakersCode
Outra dica é estabelecer parcerias com organizações e grupos comprometidos com a equidade de gênero.
“Colabore com outras empresas, universidades, incubadoras de startups e ONGs para desenvolver iniciativas conjuntas que promovam a participação e o avanço das mulheres no ecossistema empreendedor”, aconselha a Global Cloud Advocate.
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Conscientização sobre equidade de gênero
Promover ações educativas sobre questões de gênero, como a desigualdade salarial, a discriminação e a violência contra as mulheres, também é uma forma de encurtar o caminho até a equidade.
“As empresas devem incentivar os funcionários a se envolverem em atividades que promovam a equidade de gênero, como a participação em eventos e campanhas de conscientização”, comenta Cynthia.
Esse também é um ponto defendido por Eliane, que defende que o trabalho para reduzir barreiras conscientes e inconscientes seja compartilhado com toda a equipe e lideranças. Para ela, promover diálogos sobre o tema é uma peça-chave para a mudança.
O diálogo e a conscientização também são citados pela CIO do WE Ventures, Marcella Ceva. Nesse contexto, a executiva acredita que a mudança acontece a partir do momento em que as mulheres expressam seus desafios e necessidades dentro do mercado de trabalho.
Quando somos vocais nos ambientes de trabalho, lutamos por benefícios, compartilhamos os desafios de nossas jornadas e explicamos como as empresas podem nos ajudar a superá-los, estamos contribuindo para a equidade de gênero.
Marcella Ceva, CIO do WE Ventures
A conscientização precisa ir além das paredes das empresas
Marcella cita também a importância de trabalhar a equidade de gênero com “nossos maridos, esposas, filhos e filhas”.
“As crianças que criamos hoje são os adultos da próxima geração que serão responsáveis pelas contratações e relacionamentos no futuro. Então, temos muita responsabilidade dentro de casa para iniciar essa conversa”, afirma.
É importante criá-las da maneira mais igualitária e consciente possível. Precisamos expressar os desafios das múltiplas jornadas, a importância da divisão das tarefas… promover essa consciência para que, quando nossos filhos se tornarem os maridos, pais e profissionais da próxima geração, já tenham a equidade de gênero internalizada.
Marcella Ceva, CIO do WE Ventures
Além da casa, ela destaca, é preciso agir externamente e trabalhar para a geração de políticas e regulamentos públicos. Engajar-se e escolher bem quem nos representa, em sua visão, é ter a certeza de que nossas demandas serão atendidas e refletidas no poder público.
“Os benefícios, as ações para redução dos desafios e a conscientização podem ser revertidos em leis. As empresas que não aderirem por vontade própria, a partir de uma reflexão e sensibilização sobre o tema, vão aderir pela regulamentação”, reforça a CIO.
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Você precisa conferir a cartilha Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups, produzida pela WE Impact em parceria com a ONU Mulheres e Gema Consultoria – que completa 2 anos nesse mês!
O material apresenta posicionamentos, ações e mecanismos concretos que as empresas podem adotar para promover valores como diversidade, liderança e empoderamento feminino em todas as suas fases de desenvolvimento.
O conteúdo tem como base os Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU, também conhecidos como WEPs – Women’s Empowerment Principles. Clique aqui para baixar!