Mulheres negras empreendedoras estão construindo uma verdadeira revolução na economia. À medida em que vencem, pouco a pouco, os desafios impostos pelas desigualdades de raça e gênero, têm conquistado cada vez mais espaço para o empreendedorismo feminino negro e transformado o ecossistema de startups para melhor.
Elas atuam, em primeiro lugar, gerando identificação e abrindo caminhos para outras mulheres. A maioria se empenha em formar times com grupos diversos, em especial dentro do recorte de mulheres pretas ou pardas.
Após a contratação, essas empreendedoras continuam fazendo a diferença dentro de suas empresas: 98.3% apoiam a diversidade e 23,1% promovem ações como valorização do time de colaboradores, diversidade e inclusão.
Ao investir fortemente na diversidade e no impacto positivo, elas contribuem para a inovação e para que soluções passem a atingir pessoas e ambientes antes ignorados pelos principais players da tecnologia e inovação.
Além disso, segundo dados do BlackOut: Mapa das Startups Negras, produzido pela BlackRocks Startup, cerca de 16,55% das fundadoras negras promovem projetos com foco nos impactos do negócio ao meio ambiente, gestão de resíduos, poluição e reciclagem, e quase 11% promovem ações voltadas para todos os pilares do ESG.
Quer saber mais sobre o cenário do empreendedorismo feminino negro no Brasil? Confira no artigo abaixo:
O que ainda precisa ser transformado
O que motiva o empreendedorismo feminino negro?
Empreendedoras negras no ecossistema de tecnologia e inovação
O que ainda precisa ser transformado
Segundo o Sebrae, quase metade das donas de negócios do Brasil são negras. A equidade, no entanto, termina por aí.
Para começar a perceber os desafios do empreendedorismo feminino negro no Brasil, seguem alguns dados: suas representantes têm 1,7 ano a menos de escolaridade, conduzem negócios de menor porte e ganham 49% a menos que as mulheres brancas.
Quando fazemos um recorte para cargos de liderança, os gaps continuam. De acordo com o relatório global “The Black P&L Leader”, 60% das entrevistadas e entrevistados negros relataram ter de trabalhar duas vezes mais e alcançar o dobro dos resultados em relação aos colegas para ter o mesmo reconhecimento.
Esses profissionais também tiveram, maior pontuação em competências essenciais para o alto desempenho ao serem comparados aos demais integrantes da base de dados.
O levantamento, realizado pela Korn Ferry, ouviu executivas e executivos de P&L, função que realiza a gestão de lucros e perdas de uma corporação e que, segundo estudos, melhor prepara líderes para a função de CEO.
O que motiva o empreendedorismo feminino negro?
Apesar de não haver um relatório exclusivo sobre a motivação do empreendedorismo feminino negro no nosso país, o estudo “Empreendedorismo negro no Brasil”, realizado pelo PretaHub, identificou 3 principais motivações entre 918 pessoas negras, em sua maioria mulheres:
1. Empreendedorismo por vocação:
Com 35% dos representantes, o grupo predomina no relatório. Se refere a pessoas com familiaridade com a atividade que desempenham e que têm o desejo de ser autônomo, às vezes somados a dificuldades de entrada no mercado de trabalho.
A maioria é formalizada (possui registro MEI) por necessidade de estabelecer contratos de prestação de serviços. Seus fornecedores são parceiros, microempreendedores e lojas. Já os clientes variam entre empresas, indicações e conhecidos.
Ainda de acordo com o estudo, o ponto forte de quem integra essa categoria são as habilidades de vendas e grande capacidade de negociação com fornecedores.
2. Empreendedorismo por necessidade:
Com 34% dos participantes, esse grupo é o segundo maior entre empreendedores e empreendedoras negras e nasce, em geral, a partir de do desemprego.
É comum a decisão contar com o incentivo de familiares e amigos, que, muitas vezes, também são parceiros de trabalho.
Tendo em vista que mulheres negras são quem enfrenta os maiores desafios para ingressar no mercado, não seria nenhuma surpresa constatar que a presenca feminina predomina no grupo do empreendedorismo por necessidade.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), elas enfrentam uma taxa de desemprego de 13,9%, mais de 5% maior que a de homens negros, e 4,6 % maior do que a taxa geral nacional.
Aqui, a maior parte das empresas ainda não estão formalizadas, mas pretendem fazer isso futuramente.
Seus principais fornecedores vêm do varejo (lojas, mercados, atacados); e clientes costumam ser pessoas próximas (vizinhança) ou indicações.
3. Empreendedorismo por engajamento:
Esse grupo, que corresponde a 22% das pessoas negras donas de negócios, é formado por profissionais com desejo de empreender, na maioria das vezes somado à vontade de exercer uma atividade auto afirmativa.
A maioria aqui é formalizada, prioriza a contratação de fornecedores negros e costuma também direcionar atividade ao público afro.
Com alto nível de engajamento, trazem a questão racial para o trabalho e valorizam iniciativas que fomentem o empreendedorismo em rede.
Empreendedoras negras no ecossistema de tecnologia e inovação
Quando voltamos o olhar para o ecossistema de tecnologia e inovação, os números do empreendedorismo feminino negro caem drasticamente. Segundo o Female Founders Report, mulheres pardas (13,3%) e pretas (5,8%) não somam nem 20% das fundadoras de startups no Brasil.
De acordo com dados da BlackRocks Startup, as principais características desse pequeno grupo são:
– Funções: além de fundadoras, a maioria também atua como CEO, e 17,4% exercem outras atividades e projetos que não estão ligados à startup.
– Formalização: 76,9% dessas startups têm CNPJ.
– Segmentos: elas atuam principalmente nas verticais de Educação (20%) e Saúde e Bem-estar (12,5%).
– Fases: a maioria informou estar em Validação (33,9%), Tração (32,2%) e Operação (24,8%).
– Modelos de negócios: o mais recorrente é a Venda Direta (38,8%), seguido por SaaS (17,4%) e Marketplace (13,2%)
– Captação de investimentos: 28,1% das fundadoras negras já receberam investimento, geralmente de programas de aceleração (58,8%) e por investidores-anjo (35,3%). Já 64,7% informaram não estar com rodada de captação aberta.
Entre as que não receberam investimento, os principais motivos apontados foram: que ainda estavam se preparando para abrir uma rodada (40,2%), que a startup estava em fase inicial e ainda não buscava investimento (21,8%) e que estavam tentando, mas ainda não haviam conseguido investidores para o seu negócio (17,2%).
Deste grupo, 72,4% apontaram ter interesse em investimentos.
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