Em maio, a WE Impact realizou o primeiro exit do portfólio com a edutech Pontue, que foi adquirida pela FTD Educação. Essa conquista, que marca nossa história, a da startup e de suas fundadoras, não poderia passar despercebida durante o mês do empreendedorismo feminino.
Todo esse processo teve início quando a educadora Cris Miura enxergou no empreendedorismo e na tecnologia uma oportunidade de transformar o cenário educacional do país e gerar um impacto positivo.
Como ela construiu essa jornada de sucesso? Como superou os desafios, quais ferramentas utilizou, que competências precisou desenvolver, como identificou as oportunidades e quais são seus próximos planos? Conversamos com a fundadora e CEO da edtech para ter acesso as respostas:
– Como e porque começou a empreender?
Eu percebo que a motivação por trás de muitas empreendedoras e empreendedores é a insatisfação e o incômodo. Trabalhei em escolas e testemunhei uma situação precária no que diz respeito à tomada de decisões, devido à falta de dados. Sempre acreditei fortemente que a educação é o alicerce de um país. Se não dispomos de dados para embasar nossas decisões, como podemos afirmar que estamos construindo uma educação de qualidade? Isso afeta diretamente a população e a sociedade como um todo. Então, minha motivação veio desse incômodo, da vontade de provocar mudanças, principalmente com essa perspectiva voltada para a educação.
– Por que escolheu empreender na área de tecnologia? Por que especificamente na área da educação?
Porque eu acredito que isso seja o que realmente transforma. Não consigo imaginar um país com crescimento econômico e social sem indivíduos capazes de contribuir no campo do conhecimento, da ciência e da educação. E quanto à tecnologia? Considerando o tamanho vasto do Brasil, com mais de 45 milhões de alunos e milhares de escolas espalhadas, é impossível alcançar e entregar qualidade sem o uso da tecnologia. A tecnologia não é uma opção na educação, mas sim um elemento crucial para realizar essa entrega de forma eficiente.
– Quais dicas daria para outras mulheres que desejam começar a empreender em tecnologia?
Independentemente se a pessoa já é da área ou não, é importante conectar-se a ecossistemas que estão imersos na tecnologia como aliada para resolver problemas e agregar valor à sociedade. Sempre menciono que, sozinha uma pessoa não muda algo ou cria uma solução disruptiva. Isso é ainda mais relevante para nós mulheres, que temos acesso limitado aos contextos de uso da tecnologia, seja em sua formação ou no cotidiano.
– Quais dicas daria para mulheres que desejam impulsionar sua jornada empreendedora?
Primeiramente, todos os dias são oportunidades de aprendizado. Existe um ditado clichê que diz: se eu aprender 1% a cada dia, em 100 dias, eu teria dobrado meu conhecimento. Para mim, empreender está intrinsecamente ligado a aprender diariamente. Sou da área de humanas, mas precisei adquirir conhecimento sobre Marketing, vendas e finanças, áreas que não são minha especialidade. Portanto, o primeiro ponto, com absoluta certeza, é o aprendizado contínuo, não apenas em ambientes formais, como a universidade, mas também participando de eventos, ouvindo experiências de outras pessoas em suas jornadas, consumindo podcasts relevantes para a área que se busca atuar e buscando mentoria
Outro ponto é aliar-se a pessoas que compartilham dos mesmos objetivos e propósitos. Você precisa ter do seu lado pessoas comprometidas, aquelas que, como dizemos, são como snipers, acertando alvos específicos. É necessário ter alguém que acredite, confie e compartilhe da mesma visão que você.
O terceiro ponto, talvez mais subjetivo, porém crucial, é acreditar em si mesma. Nós, mulheres, frequentemente somos afetadas pela síndrome da impostora, duvidando das nossas capacidades. Então é importante ir em busca de autoconhecimento para superar esse desafio.
– De que forma a WE Impact contribuiu para o desenvolvimento e sucesso da Pontue?
A WE Impact nos inseriu em um ecossistema muito forte de tecnologia com a Microsoft. Temos acesso a conhecimento continuo, além de contar com mentoras e mentores que possuem vasta experiência de mercado e no desenvolvimento de produtos tecnológicos. O acesso a recursos financeiros também é muito importante, pois como se diz, ‘não existe almoço grátis’; ou seja, é inviável lançar um produto, uma ideia ou uma empresa se eu não tenho dinheiro para administrar um fluxo de caixa.
Além do capital, acima de tudo, a WE Impact nos proporcionou uma virada que nos empoderou como empresa, como pessoas e como empreendedoras. Esse olhar humano de conexão faz todo sentido quando se trata de investimentos, pois se não houver uma parceria real com os investidores durante a jornada, na verdade você apenas recebeu o dinheiro. Então nos apoiou financeiramente, mas também trouxe uma visão de negócios e se envolveu em nosso dia a dia, acompanhando de perto nossa trajetória. O fato de sermos mulheres conectadas a outras mulheres faz uma diferença enorme
– Quais outras ferramentas e iniciativas contribuíram para esse processo?
Utilizamos muito as plataformas de conhecimento e de cursos mais direcionados para a área de tecnologia e inovação. Outro item importante foram as ferramentas de gestão; implementamos diversas ferramentas de gestão de projetos que nos permitiram começar a escalar, mesmo trabalhando remotamente.
– Quais foram os momentos mais gratificantes em sua trajetória empreendedora?
Tem várias experiências marcantes. Acredito que nosso primeiro cliente B2B, os reconhecimentos e prêmios que recebemos também têm sido muito gratificantes, pois validam a qualidade do nosso trabalho.
Uma lembrança que me ocorre foi o dia em que apresentei o pitch para a WE Impact. Eu já estava desgastada de tantos pitches pois estávamos em processo de captação. Mas esse foi especial por ser a primeira vez que me deparei com uma audiência meritoriamente feminina. Foi uma experiência sensacional poder encontrar um ambiente onde me identifiquei, e isso proporcionou um acolhimento que nos permitiu mostrar nosso melhor, sem receios. A questão de gênero exerce uma influência significativa na jornada de uma startup, e este foi um momento muito gratificante.
Outro destaque foi quando finalizamos nossa primeira venda, que representou o encerramento de um ciclo e o início de outro.
– Como foi o processo que levou ao exit da Pontue e quais aprendizados essa experiência proporcionou?
Estávamos em um período de captação em um momento em que os investimentos, compras e aquisições de edutechs estavam em alta. Ainda não havíamos considerado a possibilidade de venda, achávamos que era cedo para isso. No entanto, ao fazer uma apresentação para o investidor que nos comprou eles perceberam uma sinergia muito alta com os produtos que eles possuem e com as avenidas de crescimento que eles têm.
Dentre as possibilidades, fez muito sentido para nós, especialmente porque estabelecemos algumas condições não negociáveis. Primeiramente, era essencial manter o time, já que o conhecimento está concentrado nele. Em segundo lugar, queríamos permanecer como uma unidade de negócios. E em terceiro, me manter como CEO/diretora superintendente, porque temos metas a alcançar e eu preciso direcionar o barco. Após estabelecer esses três pontos em contrato fez todo o sentido para nós!
Tive dois grandes aprendizados nesse processo. Primeiro, compreendi que, sem uma estrutura sólida e suporte financeiro, jurídico e de equipe, é impossível concluir um processo de aquisição, dada a complexidade e minúcias envolvidas. Em segundo lugar, aprendi a importância de manter o alinhamento entre sócios, apostando na confiança e na comunicação transparente.
– Quais são seus planos futuros como empreendedora? Existem novos projetos ou áreas de interesse que gostaria de explorar?
A educação está no meu sangue e já temos alguns projetos direcionados para escalabilidade e entrega de qualidade, especialmente focados no uso de inteligência artificial. Estamos reposicionando o produto e a estratégia da nossa empresa para nos tornarmos referência no uso de inteligência artificial na aprendizagem da escrita.
Lançamos uma nova área de pesquisa e desenvolvimento na nossa empresa, em parceria com a PUC do Paraná e a Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. Essa iniciativa busca trazer a IA para um contexto que nos permita escalar o aprendizado. Nosso objetivo não é apenas escalar de maneira irresponsável, mas sim direcionar essa escalabilidade para indicadores específicos e evidências de aprendizado. Utilizamos a IA para escalar, mas ao mesmo tempo, para personalizar o ensino.
Dos 15 novos projetos que estamos desenvolvendo, metade deles tem como foco trazer novos talentos para contribuir com essa pesquisa. Acima de tudo, nossa missão é garantir que a educação qualidade não seja algo exclusivo para alguns, mas sim acessível a todos.
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