O termo empreendedorismo feminino se refere a mulheres que começam um novo negócio e a toda participação feminina que envolve um ganho econômico. Segundo levantamentos do GEM – Global Entrepreneurship Monitor, cerca de 26 milhões de brasileiras fazem parte desse grupo.
O estudo demonstra ainda que a maioria delas se tornaram empreendedoras pela necessidade de ter outra fonte de renda ou para conquistar a independência financeira.
Nem sempre elas tiveram o direito de iniciar suas jornadas em prol desses e de outros objetivos: pode-se considerar que o empreendedorismo surgiu no Brasil no século XIX, com o início da industrialização. Já as mulheres brasileiras conquistaram o direito de criar seus próprios negócios somente no século XXI, com a publicação da Constituição de 1988 – que estabeleceu, pela primeira vez, a igualdade de direitos para homens e mulheres no nosso país.
Como herança de anos e anos de desigualdades, atualmente, uma série de desafios ainda marcam a jornada de mulheres que empreendem. O preconceito de gênero, os vieses inconsistentes, a tripla jornada de trabalho, a exclusão dos ambientes de negócios, o baixo acesso ao crédito e a investimentos são alguns deles.
Mesmo diante desse cenário, o empreendedorismo feminino vem alcançando grandes marcos que demonstram a força e o potencial dos negócios criados e liderados por mulheres no Brasil e no mundo. Falamos sobre os principais deles neste artigo! Confira:
Iniciativas de fomento ao empreendedorismo feminino
1º estudo sobre o empreendedorismo feminino em tecnologia no país
Redução do GAP de gênero no acesso ao capital
Aumento dos unicórnios liderados por mulheres
Aumento do interesse pelo termo “empreendedorismo feminino”
Iniciativas de fomento ao empreendedorismo feminino
Para resolver problemas sistêmicos, é preciso pensar em soluções estruturadas e agir intencionalmente. Por isso, iniciativas voltadas ao empreendedorismo feminino desempenham um importante papel na história dos avanços e conquistas das mulheres que montam seus próprios negócios.
A Rede Mulher Empreendedora, criada em 2010, foi a primeira rede de apoio a mulheres empreendedoras, tendo como objetivos fomentar o protagonismo feminino no empreendedorismo tradicional e auxiliar mulheres a se inserirem no mercado de trabalho.
Já no ecossistema de inovação, iniciativas desse tipo ganharam força, principalmente, a partir de 2019. Este foi o ano em que foi fundada a WE Impact, primeira venture builder dedicada a mulheres líderes de startups.
A WI já nasceu conectada ao WE Ventures, fundo de Corporate Venturel Capital 100% voltado a investimentos em mulheres na tecnologia desenvolvido pela Microsoft, M8 Partners e Bertha Capital.
Sem dúvidas, o apoio de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo a iniciativas com foco na promoção do acesso a capital por startups fundadas e lideradas e mulheres contribuiu imensamente para o fortalecimento dessa agenda em todo o setor, assim como no mercado de Venture Capital.
Investimentos com lente de gênero
De lá pra cá, os investimentos com lente de gênero se tornaram cada vez mais comuns no ecossistema. O relatório “Catalisando a igualdade”, publicado em 2021 com base em estudos sobre Venture Capital e Private Equity e nas respostar de especialistas em investimentos com lentes de gênero – como nossa CEO, Lícia Souza -, registrou que:
– 59% das gestoras e gestores de fundos, integrantes de redes de anjos, investidoras e investidores afirmaram que já tinham uma estratégia de gênero e 34% relataram estar em processo de desenvolvimento
– 48% relataram fornecer fundos específicos ou veículos de investimento para empresas lideradas por mulheres ou com lentes de gênero, enquanto41% estavam incorporando esse fator em suas tomadas de decisão e/ou incentivando empresas do portfólio a aderirem à prática.
1º estudo sobre o empreendedorismo feminino em tecnologia no país
Também em 2021, foi publicado o primeiro estudo sobre a participação de mullheres empreendedoras no ecossistema de inovação brasileiro.
O Female Founders Report foi produzido pelo Distrito, Endeavor e B2Mamy a partir da análise de dados referentes às startups fundadas por mulheres, trajetória e depoimentos de grandes nomes do setor, como Ana Fontes, fundadora do Instituto RME; Fernanda Ribeiro, Co-fundadora e CCO da Conta Black, e nossa CEO, Lícia Souza.
O material surgiu com o objetivo de entender os impactos da desigualdade de gênero dentro das startups brasileiras e responder às dúvidas sobre o estado do empreendedorismo feminino no país.
O relatório constatou que apenas 4,7% das startups são fundadas exclusivamente por mulheres – o número de empresas com apenas fundadores homens é quase 20 vezes maior.
Entre as startups fundadas e com participação feminina no quadro societário, as fashiontechs, seguidas por startups de RH e Gestão de Pessoal, Negócios Sociais e Alimentação, saem na frente.
Mais de 50% das empresas lideradas por mulheres estão em fase de estruturação do MVP (produto mínimo viável) ou início de operação, cerca de 80% possuem até 20 funcionários e a maioria oferece soluções B2B.
Um ponto de atenção é a baixa diversidade quando passamos a olhar além do gênero e analisar características como raça e orientação sexual: a composição étnico racial é principalmente de mulheres brancas (76,7%), seguidas das pardas (13,3%), pretas (5,8%), amarelas (3,0%) e indígenas (0,5%).
Em relação à orientação sexual, quase 90% das fundadoras afirmaram ser heterossexuais.
Redução do GAP de gênero no acesso ao capital
A relação entre mulheres empreendedoras e o acesso a capital também mudou bastante nos últimos 3 anos – mesmo espaço de tempo em que foi criada a WE Impact, investindo capital estratégico e financeiro em startups lideradas por mulheres.
Dados da LAVCA apontam que os investimentos em startups com líderes e/ou sócias mulheres na América Latina vem aumentando.
Os aportes no empreendedorismo feminino tecnológico passaram de 16% em 2019 para 31% em 2022, o equivalente a um terço do valor total em dólares investido na região.
O estudo apontou um cenário semelhante no ecossistema brasileiro: os investimentos direcionados às startups fundadas por mulheres passaram de 15% para 30%.
Foram registradas também rodadas recordes em startups lideradas por mulheres:
– A da Pipo Saúde, fundada por Manoela Mitchell, que captou R$ 100 milhões em uma rodada série A. O aporte liderado pela americana Thrive Capital foi o maior do mercado de saúde e o maior em uma startup liderada por mulheres no Brasil em 2021.
– Já em 2022, a GUPY, co-fundada por Bruna Guimarães (COO) e Mariana Rios (CEO), captou R$ 500 milhões, maior aporte destinado a uma HRtech em toda a América Latina. A rodada foi liderada pelos fundos SoftBank Latin America e Riverwood, com participação da Endeavor Catalyst e acompanhada pela Oria Capital e Maya Capital.
Aumento dos unicórnios liderados por mulheres
Segundo o levantamento do The Crunchbase Unicorn Board, tanto o valor quanto o número de unicórnios (startups que atingiram o valuation de 1 bilhão de dólares ou mais ainda com capital fechado) praticamente dobraram no mundo: foram de 650, avaliados em 2 trilhões de dólares em 2020, para 1.267 unicórnios no mundo, avaliados em 4,4 trilhões de dólares, no ano seguinte.
No mesmo período, a representatividade feminina nesse ecossistema foi de 11% para 14%. Globalmente, as startups consideradas unicórnios com no mínimo uma mulher no time de fundadores chegaram a 83 no fim do ano passado, quase cinco vezes mais do que no ano anterior.
No Brasil, o Nubank, cofundado por Cristina Junqueira, foi a primeira a fazer parte dessa porcentagem. A CEO da fintech foi reconhecida também por ser uma das primeiras mulheres do Brasil a fazer parte clube de bilionários pelos próprios meios, ficando atrás somente de Luiza Trajano, do Magazine Luiza – outra grande representante do empreendedorismo feminino no país.
Aumento do interesse pelo termo e de iniciativas voltadas para o “empreendedorismo feminino”
O interesse pelo termo “empreendedorismo feminino” nas pesquisas do Google mais que dobrou nos últimos 3 anos! Em novembro de 2019, o peso das pesquisas relacionadas ao tema era 35, subindo para 100 em 2020 e 2021.
Com o fortalecimento do empreendedorismo feminino, além de mais dados e soluções personalizadas, o ecossistema passa a contar com cada vez mais redes de apoio e iniciativas que trabalham em prol de mulheres que fundaram e lideram negócios.
Elas atuam no empoderamento e na redução de desafios comuns à jornada das empreendedoras. Conheça algumas:
– 1. Ela Faz História: um programa para ajudar as mulheres empreendedoras a adquirir habilidades digitais e de gestão financeira empresarial para que possam entrar na economia digital e sustentar seus negócios. Os módulos podem ser acessados de forma gratuita e online.
– 2. Aladas: plataforma criada para encorajar, apoiar e capacitar mulheres que já são ou desejam se tornar empreendedoras. Oferece cursos digitais e gratuitos, histórias inspiradoras e um blog cheio de informações. Em breve, irá promover também eventos presenciais e podcasts.
Onde me informar sobre empreendedorismo feminino?
Quer ficar por dentro de todas as vitórias e marcos do empreendedorismo feminino? A WE Impact News, nossa newsletter colaborativa, é o melhor lugar para isso!
Lá, você encontra dicas e cases de mulheres fundadoras, análises sobre os principais estudos e pesquisas do mercado, oportunidades de networking e capacitação, insights sobre liderança feminina… e tem acesso ao que acontece no mundo das startups sob os mais diversos pontos de vista, sempre com um compromisso principal: ajudar a construir um ecossistema mais inclusivo.
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