De acordo com dados do IBGE publicados em 2019, 65% da mão de obra geral do mercado ainda é masculina. Fatores como vieses inconscientes e estereótipos de gênero, somados à imposição das tarefas domésticas e de outros cuidados, contribuem para esse cenário. Em um setor que ainda precisa caminhar muito para alcançar a equidade de gênero, cerca de 257 anos segundo Fórum Econômico Mundial, contar com a mentoria de mulheres que já conseguiram vencer esses desafios pode fazer toda a diferença.
Essa ferramenta pode ajudar uma pessoa que está no começo da jornada ou transição profissional a definir seus objetivos, se tornar mais confiante, identificar seus pontos fortes e fracos, aprimorando, assim, suas habilidades para iniciar a sua nova empreitada.
A mentoria funciona também para profissionais que desejam acelerar sua carreira, podendo se tornar uma grande aliada na luta contra a baixa representatividade de mulheres em cargos de liderança.
Por muito tempo, esse tipo de impulso era algo restrito ao ambiente das corporações ou às pessoas de classe alta, mas, atualmente existem algumas iniciativas que visam democratizar o acesso às mentorias profissionais. Uma delas é a Alumna, plataforma que conecta profissionais experientes com alunas de graduação em uma comunidade inclusiva e colaborativa.
Para entender um pouco mais sobre o poder dessas conexões e aconselhamentos para aumentar a presença e a liderança feminina no mercado de trabalho, entrevistamos Larissa Ushizima, CEO e uma das cofundadoras da startup, sobre:
Como as mentorias podem ajudar a criar a próxima geração de mulheres líderes
Como se tornar uma mentora Alumna
O surgimento da Alumna
A jornada de Larissa é um exemplo de como a vida profissional está em constante movimento. Como servidora pública, ela nunca imaginou que um projeto voluntário se tornaria uma startup social e um novo passo na sua carreira.
“Minha história ajuda a desmistificar essa ideia de que carreira toda é linear e que a gente tem que saber exatamente um passo depois do outro.”
Larissa Ushizima – CEO e cofundadora da Alumna
Paulista de nascimento, ela se mudou em 2014 para estudar na Universidade Federal de Brasília, local onde conheceu Renata Malheiros, hoje sua sócia e cofundadora do projeto, além de atuar na frente de apoio ao empreendedorismo feminino no Sebrae, um dos parceiros institucionais da WE Impact.
As duas passaram uma temporada no exterior, estudando para um mestrado. Dessa experiência, surgiu a ideia de desenvolver uma ação de impacto social que tivesse conexão com a universidade.
Ao voltar para o Brasil, elas conversaram com alunas de graduação e encontraram uma universidade mais diversa, mas ainda permeada por alguns desafios para mulheres. Um deles era o do ingresso das universitárias – principalmente as que representam a primeira geração da família na universidade – no mercado de trabalho.
Desse contato, nasceu o interesse em desenvolver um programa de mentoria que promovesse a conexão de mulheres com carreiras já estabelecidas dispostas a trocar um pouco de suas experiências com alunas de graduação.
O projeto tomou forma no final de 2020, com um formato 100% virtual e restrito a alunas e professoras da instituição. Após passar por uma aceleração do Future Females, a Alumna se torna uma iniciativa de âmbito nacional, e Larissa tira uma licença de seu cargo público para se tornar uma empreendedora social em tempo integral.
O papel da tecnologia na construção da Alumna
A empreendedora explica que, por ter sido lançada em meio à pandemia, a atuação da Alumna já começou no digital: “Desde o início do programa, entendemos que a tecnologia era a chave para acelerar essas conexões e permitir escalar o programa”, ela explica.
Além disso, os encontros são realizados pela plataforma tecnológica Mentorar, que oferece um espaço seguro para as mentorias e a gestão das atividades “Essa foi uma parceria bem importante no início do programa, porque, ao invés de inventar a roda, contratar programadores para fazer a nossa plataforma, entendemos que é possível cooperar e estar junto com soluções que já estão disponíveis no mercado”, relata a CEO.
O trabalho de desenvolvimento do time Alumna foi direcionado para a criação de um algoritmo proprietário que faz uma leitura de perfil a partir de informações como interesse, raça, religião, universidade, experiência e área de atuação. A partir desses dados, se dá a escolha da mentora ideal para cada aluna.
“Entendemos que quando uma aluna se identifica com uma mentora, a chance de sucesso do programa de mentoria é muito maior, e essa identificação pode acontecer a partir de interesses comuns, inclinações profissionais compartilhadas e experiências de vida parecidas.”
Larissa Ushizima – CEO e cofundadora da Alumna
Como a mentoria pode ajudar a criar a próxima geração de mulheres líderes
Um dos propósitos da Alumna é formar a próxima geração de líderes femininas. Larissa explica que essa missão nasceu a partir da necessidade aumentar a representatividade em cargos de tomadas de decisões.
Ela afirma que a disparidade entre mulheres e homens com ensino superior inseridas no mercado de trabalho não é tão gritante, mas, quando passamos a analisar cargos de gerência, diretoria e C-level, a disparidade fica cada vez maior – tanto em números absolutos, quanto em valorização.
De acordo com dados do Fórum Econômico Mundial, elas representam apenas 39,4% dos cargos de gestão no país.
“Se as mulheres iniciam a carreira mais ou menos em pé de igualdade, por que à medida que elas ascendem profissionalmente, elas vão ficando para trás?”
Larissa Ushizima – CEO e cofundadora da Alumna
A empreendedora complementa reforçando que é importante focar em mulheres que trazem uma nova experiência: “há uma interseccionalidade entre gênero e raça, e isso contribui para que as mulheres pretas estejam ainda menos em cargos de liderança e recebem ainda menos nas organizações”, afirma.
“É preciso reconhecer que desemprego e subemprego no nosso país têm gênero, cor e classe social, por isso olhamos tanto para o perfil de diversidade e o priorizamos nas seleções da Alumna.”
Larissa Ushizima – CEO e cofundadora da Alumna
O trabalho realizado por Larissa e sua equipe é uma forma de contribuir para a mudança do cenário atual. O projeto conta com mais de 250 participantes. Entre elas, 60% são a primeira geração na universidade, 65% cursaram ensino médio em escola pública e 55% são pretas ou pardas.
“As empresas costumam ter programas de mentoria internos, para formar as suas próprias lideranças, e a nossa solução fura essa bolha. Queremos que as mulheres que estão liderando em grandes corporações, no terceiro setor, no governo, compartilhem as suas experiências e possam apoiar a jornada profissional de uma jovem universitária”, afirma.
Para mulheres que desejam alavancar suas carreiras, a mentoria é a principal ferramenta indicada pela CEO, mas ela ressalta que não é necessário esperar por programas formais e nem focar apenas em pessoas com mais idade e mais tempo de atuação.
“Mande uma mensagem no LinkedIn para uma liderança, uma pessoa que você admira. Isso vale também para alguém do trabalho ou colega da universidade”, aconselha.
“A mentoria não precisa acontecer exclusivamente com alguém mais experiente, e sim com alguém que encurte a distância e acelere sua curva de aprendizado.”
Larissa Ushizima – CEO e cofundadora da Alumna
Como se tornar uma mentora Alumna
O programa conta com uma taxa de desistência inferior a 5%, o que, segundo Larissa, é motivo de muito orgulho para ela e sua equipe: “Fazendo benchmarking com outros programas de mentoria, muitas vezes até os pagos, é comum ver uma taxa de desistência entre 15% e 20% e 30%. Então, isso mostra que temos um público muito engajado”, ela comemora. Além disso, 70% das participantes saem do programa empregadas ou estagiando, e 90% declararam estar mais confiantes em relação à carreira.
As inscrições para se tornar uma mentora da Turma 4 da Alumna foram encerradas no dia primeiro de abril!
A importância das mentorias na jornada empreendedora
Assim como as mentorias são extremamente na jornada de desenvolvimento de profissionais que buscam colocação e ascensão em empresas do mercado, elas também são decisivas para quem empreende.
Durante o nosso Venture Management, metodologia que garante às startups investidas WE Impact suporte em tecnologia, produto, time, receita e diversidade, as mentorias são uma das ações de apoio hands-on ao seu desenvolvimento.
Por meio da nossa rede de parceiras, mentoras e especialistas – que chamamos de WE Impact Network -, realizamos um diagnóstico do atual cenário das startups, suas principais dores e pontos de melhorias. Em seguida, oferecemos mentorias específicas para as empreendedoras e seus times que ajudam a destravar processos, acelerar o desenvolvimento e impulsionar resultados das investidas.
Se a sua startup é fundada ou liderada por mulheres, atua em modelo B2B e tem base tecnológica, pode estar apta a receber investimento, acompanhamento e outros benefícios.
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