O Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres empreendedoras. Para elas, fazer parte desse ecossistema significa conciliar a vontade de fazer a diferença no mundo com os desafios impostos ao gênero.
Muitos deles influenciam a remuneração, o acesso ao capital e a representatividade que encontram nesse mercado:
– Segundo dados do GEM – Global Entrepreneurship Monitor 2020, apenas 5% das donas de negócios ganham mais de cinco salários mínimos. Quando falamos dos homens, esse número sobe para 8%.
– De acordo com o LinkedIn, a participação feminina no empreendedorismo cresceu nacional e globalmente. Já dados do Female Founders Report demonstram que a realidade nas startups é outra: somente 4,7% são lideradas por mulheres.
Ainda que existam obstáculos, a força e motivação em trabalhar por um propósito é bem mais forte que eles quando falamos de mulheres empreendedoras.
Elas conquistaram autonomia para criar seus negócios bem depois dos homens (apenas no século XXI) e, desde então, vêm conquistando espaços nos relatórios e estudos sobre negócios, alçando suas empresas a unicórnios e batendo recordes em rodadas de investimentos.
Dados recentes da LAVCA registraram aumento nos aportes em empresas com liderança feminina – que passaram de 16% em 2019 para 31% em 2022.
Nesse contexto, é fundamental a atuação de iniciativas focadas no apoio e fomento ao empreendedorismo feminino – aqui entra a WE Impact, e também nosso parceiro WE Ventures – duas iniciativas criadas para impulsionar as startups de tecnologia com liderança feminina.
Quer saber como fazemos isso? Confira a entrevista com algumas das investidas WE e descubra!
Por que escolheram a tecnologia?
Conselhos para mulheres empreendedoras enfrentarem desafios
Conheça as empreendedoras WE
Atuamos há cerca de 3 anos como primeira venture builder dedicada a mulheres líderes de startups. Nesse meio tempo, adicionamos 4 startups ao nosso portfólio e investimos mais de R$ 3 milhões no empreendedorismo feminino em tecnologia.
Cristiane Miura, da Pontue; Gabriela Lea, da Unbox; Gabrielle Jaquier, da Venuxx; Nani Gordon e Luciana Ramos, da Cash.in; são as fundadoras e líderes que integram o grupo das investidas WE Impact.
Para participar desta entrevista, convidamos também Mônica Granzo, da Smarkets – startup investida pelo nosso parceiro WE Ventures, fundo de investimentos criado pela Microsoft, Bertha Capital e M8 Partners.
Motivação empreendedora
De acordo com o GEM, mais da metade das mulheres brasileiras decidiram iniciar seus próprios negócios por necessidade. É o caso de Mônica Granzo, fundadora e CEO da Smarkets. “Comecei vendendo bombons de chocolate que produzia em casa. Depois, passei a ajudar uma tia na oficina de costura e, então, a revender roupas para os colegas de turma”, comenta.
Hoje, ela lidera o primeiro marketplace colaborativo B2B do país e relata que as experiências do passado somaram para sua trajetória.
Apesar de tudo, essas experiências me deram uma noção sobre negócios. Me formei em Ciências Contábeis e trabalhei em diversas empresas até ser contratada para montar e gerir a central de compras corporativas de um hospital. Foi ali que descobri uma oportunidade: faltava um sistema que reunisse demandas, automatizasse processos e conseguisse descontos interessantes para as companhias em larga escala.
Mônica Granzo, fundadora e CEO da Smarkets
Já Cris Miura, cofundadora e CEO da Pontue, viu no empreendedorismo uma oportunidade de mudar o mundo por meio da educação. “Sou uma pessoa muito incomodada, desde bem nova. Sempre fui a aluna que participava do grêmio estudantil, das lideranças universitárias, enfim, alguém que, ao se deparar com algum desafio, pensava em como resolvê-lo”, afirma.
Com mais de 15 anos como educadora, percebi que existiam muitas oportunidades para transformar o cenário e que, através do empreendedorismo, eu poderia potencializar esse impacto. Assim minha jornada começa.
Cris Miura, cofundadora e CEO da Pontue
Somando a indignação seu desejo de gerar impacto, Cris entra em um mercado cheio de oportunidades como o das edutechs. Segundo dados da Abstartups, o setor cresceu 28% durante a pandemia e já arrecadou cerca de US$525,6 milhões em aportes.
Por que escolheram a tecnologia?
Tão importante quanto o porquê é o como! Essas mulheres empreendedoras utilizam a tecnologia, um área com baixíssima representatividade feminina, para colocar suas soluções no mundo. Segundo dados da Brasscom, elas ocupam cerca de 20% do mercado tecnológico.
Luciana Ramos, cofundadora e CEO da Cash.in, explica que foi para o território tech devido à vontade de atuar em algo novo: “depois de 25 anos atuando no varejo, buscava um nicho de mercado que precisasse de inovação”. Ela conta que esse ecossistema foi fundamental para a criação de uma solução completa voltada para prêmios de incentivo.
Percebi que o mercado de premiação ainda era muito incipiente, manual. Existiam – e ainda existem – empresas que não atravessaram completamente o processo de transformação digital, gastando dinheiro com papel, burocracia e se perdendo na logística. Enxerguei a oportunidade de pagar prêmios de incentivo de uma forma nova.
Luciana Ramos, cofundadora e CEO da Cash.in
O caso da CEO da Pontue foi um pouco diferente! Em 2014, enquanto algumas escolas implementavam lentamente recursos tecnológicos em sala de aula, ela já utilizava a ferramenta para se tornar uma liderança na formação de professores.
Já Gabriela Lea, cofundadora e COO da Unbox, explica que a ideia de ingressar no setor veio enquanto ela e seus sócios pensavam em solução para tornar o ecommerce mais simples, barato e rápido.
Havíamos vivenciado os desafios que as PMEs enfrentam ao vender online. Pesquisando o mercado, entendemos que não existia uma tecnologia que atendesse bem esse público, e foi assim que pensamos em criar uma solução de tecnologia para tornar o empreendedorismo possível no Brasil.
Gabriela Lea, cofundadora e COO da Unbox
Conselhos para mulheres empreendedoras enfrentarem desafios
Dentre os desafios comuns nessa jornada, elas citam a carga emocional gerada pela responsabilidade, a constante incerteza e a captação de investimentos.
Construindo suas jornadas, elas não têm as respostas para todas as perguntas, mas encontraram formas de hackear o sistema e superar esses obstáculos. Confira algumas dicas de como essas mulheres empreendedoras superaram seus principais desafios:
Gabriela Lea
– Desafio: ao mesmo tempo que temos muitas responsabilidades, ainda estamos aprendendo muita coisa. Em paralelo, é preciso resolver problemas ao longo do dia e também tomar muitas decisões.
– Conselho: é muito importante a empreendedora ou empreendedor separar tempo para se atualizar, conhecer boas fontes do assunto que está trabalhando, buscar comunidades. Estudar, de forma direta e indireta é fundamental para adquirir bagagem técnica e seguir os melhores caminhos para o negócio.
Luciana Ramos
– Desafio: foi durante o período inicial, quando não sabíamos com certeza absoluta se decolaríamos, antes do MVP. Um momento de muitas incertezas, porque empreender é como navegar, mesmo um projeto perfeito pode acabar naufragando, se o mar virar.
– Conselho: não desista. Se você tem a certeza de que seu produto resolve uma dor do mercado, que ele é bom para as pessoas, e que você faz esse serviço muito bem, persista. Existem muitas alternativas no mercado e pessoas disponíveis para te auxiliar! Não estou falando apenas de dinheiro, mas também de consultoria, conselhos, trocas de experiências…
Cris Miura
-Desafio: A jornada empreendedora, por si só, é cheia de desafios. Quando se coloca a lupa do gênero, então, aí o cenário complica mais um pouco. Logo, falando de um lugar de uma mulher branca, LGBTQIA+ e não formada em uma área tech, digo que, tanto minha sócia quanto eu já vivenciamos vários. Mas, eu destacaria um: o acesso ao capital.
– Conselho: sempre oriento as mulheres que desejam empreender a buscarem redes de apoio que empoderem o empreendedorismo feminino, principalmente no tocante a investimentos. O fato de estarem dentro desse cenário, certamente, fará com que conexões sejam realizadas de forma mais fluida e com maior agilidade.
Como se tornar uma empreendedora WE?
Além do acesso ao capital, as fundadoras citaram a conexão com o mercado, o apoio voltado para o crescimento e o propósito de construir um ecossistema mais inclusivo como os motivos para se tornar uma investida WE.
A WE Impact contribuiu para o crescimento da Unbox de muitas maneiras! Algumas delas foram nos conectar com parceiros a níveis nacionais como o Sebrae e grandes empresas como a Multi e a Microsoft.
Gabriela lea, Cofundadora e COO da Unbox
Entre os recursos que compartilhamos para impulsionar a jornada de mulheres empreendedoras, está a WE Impact Network, nossa rede exclusiva de mentoras e grandes corporações que auxiliam as startups durante a validação das soluções, desenvolvimento dos produtos e acesso ao mercado.
Aplicamos também suporte hands-on em 5 pilares para apoiar o crescimento das startups do portfólio e prepará-las para as próximas rodadas de captação: tecnologia, produto, time, receita e diversidade,
Nesta jornada de desenvolvimento, as integrantes do nosso portfólio são preparadas para os próximos rounds de investimentos, e já são pré-qualificadas para receber aporte do WE Ventures.
Para ser elegível a participar do nosso processo de avaliação, a startup deve ser fundada e/ou liderada por mulher(es), ter base tecnológica e atuar em modelo B2B, ou seja, oferecer soluções voltadas a outras empresas.
Se você está em busca de investimento, cadastre os dados da sua empresa neste formulário.