CVC como estratégia de inovação aberta e o que esperar para 2023

Paula Puzzi, Corporate Venture Capital Manager da Suzano Ventures, explica como a maior produtora global de celulose de eucalipto utiliza a inovação aberta no dia a dia, compartilhando dicas para corporações que também desejam se conectar com startups.

Você sabe o que é inovação aberta, ou Open Innovation? Se sim, sua corporação já tem uma estratégia definida para 2023?

Responder corretamente a essas duas perguntas pode indicar que sua empresa está no caminho certo para a otimização de tempo, recursos e desenvolvimento de produtos e serviços que acompanham a necessidade dos consumidores.

Grandes corporações parceiras da WE Impact, como Suzano, Microsoft e Flex, já conhecem e utilizam essa prática na busca por novas tecnologias, mais eficiência e vantagem competitiva por meio do investimento no ecossistema de inovação.

E essa estratégia vai muito além da WE Impact Network: de acordo com a pesquisa “O Panorama da Inovação Aberta nas Empresas do Brasil”, elaborado pela Softex, a open innovation está presente em 88% das companhias no Brasil. A parceria com startups é o principal caminho para isso e vem sendo utilizada em 67% das empresas analisadas no estudo.

 

O que é inovação aberta?

A inovação aberta acontece quando uma empresa passa a contar com a colaboração de outras empresas, academia, instituições de pesquisa, startups, parceiros e consumidores na busca por soluções, processos e produtos diferentes e mais ágeis.

Esse tipo de relacionamento gera também uma mudança de cultura, fazendo com que as organizações deixem de agir individualmente para aproveitar as especialidades de cada player. Maravilhoso, não é mesmo?

Nesse artigo, Paula Puzzi, Corporate Venture Capital Manager da Suzano Ventures, fala sobre o cenário da inovação aberta em 2023, formas de implementá-la e compartilha dicas valiosas para as empresas aproveitarem ao máximo os benefícios da estratégia.

Ferramentas de Open Innovation

Criar um CVC ou se conectar a iniciativas de CVC?

Corporate Venture Capital como ferramenta de inovação aberta

Inovação aberta e ESG

Qual o cenário atual da inovação aberta?

 

Ferramentas de Open Innovation

Agora que você já sabe o que é inovação aberta, deve entender que existem diferentes ferramentas, a depender dos objetivos e maturidade da empresa, para implementá-la. Isso pode ser feito por meio da promoção de hackathons, busca de feedbacks de clientes e parceiros, parceria com academia, instituições de pesquisa e/ou pela contratação e investimentos em startups.

Na Suzano, maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo e uma das maiores produtoras de papéis da América Latina, uma das estratégias utilizadas é o Corporate Venture Capital – modelo de investimento adotado por grandes corporações que desejam contar com a colaboração de empresas inovadoras em ampla ascensão.

Paula participou da construção da Suzano Ventures, definindo a tese e verticais de investimento do CVC da corporação, estruturando o processo de deal-flow e construindo um relacionamento com parceiros estratégicos no ecossistema global na busca de startups para serem investidas.

 

Criar um CVC ou se conectar a iniciativas de CVC?

Para empresas que desejam seguir esse caminho, é possivél criar criar um corporate venture capital do zero; se conectar a iniciativas de CVC ou até mesmo combinar essas duas estratégias.

Paula explica que a primeira é mais utilizada quando as corporações já possuem definida sua estratégia e clareza sobre o perfil de startup que querem se conectar. No caso de empresas como a Suzano, que tem como objetivo investir em startups de tecnologia que permitam acelerar as iniciativas de novos negócios, buscam startups bastante específicas, muitas vezes mais early stage e com retornos de mais longo prazo. Esse perfil de startups é menos comum em fundos de investimentos.

Por outro lado, para empresas que ainda estão no início da sua jornada de inovação, passos iniciais e aparentemente simples, como entender que tipo de solução devem buscar para atender às suas dores, podem ser tornar um grande desafio. Nesse caso, se conectar com fundos e gestoras, traz inúmeros benefícios, em especial o aprendizado com quem é especializado no processo.

De acordo com Paula, iniciativas como a WE Impact, além de permitir o acesso a opções mais qualificadas permitem a combinação de expertises de diferentes empresas para apoiar o crescimento da startup após o investimento. Ela destaca que CVCs podem investir em uma startup que será investida pelo fundo da empresa em um round futuro, e vice-versa.

No caso da WE Impact, outro diferencial é agregar a lente de gênero ao projeto de inovação aberta da empresa, contribuindo com o seu posicionamento em prol da equidade de gênero. Isso, por si só, é mais um impulso para o potencial inovador, já que a diversidade contribui para o surgimento de soluções disruptivas.

Combinar as opções, é a alternativa indicada pela Corporate Venture Capital Manager. “Acredito na sinergia e complementaridade das duas estratégias”, diz.

 

Corporate Venture Capital como ferramenta de inovação aberta

Paula reforça a ideia de que a melhor forma de adotar a inovação aberta é combinando diferentes estratégias alinhadas às características e objetivos da instituição, e descreve quando é interessante optar pelo CVC.

“Com a aquisição e aproximação de uma startup, busca-se em especial ter ganhos estratégicos, monitorar movimentos de mercado de forma mais ativa, compreender com maior profundidade a dinâmica e cadeia de valor de novos segmentos, obter acesso a novas tecnologias, mercados e talentos e contribuir para um desenvolvimento mais acelerado da parceira”, enumera.

O Corporate Venture Capital é, portanto, uma ferramenta que permite explorar temas estratégicos, com alto grau de incerteza e maior potencial de ruptura comparado a programas tradicionais de inovação aberta e cooperação tecnológica. Já em relação ao diferencial, ela fala sobre os benefícios que a startup também recebe no processo, transformando essa em uma ação ganha-ganha. “A empresa também contribui com a startup, seja em co-desenvolvimentos, mentorias e compartilhamento de conhecimento e de contatos para alavancar os negócios”, explica.

 

Para acelerar a inovação e trazer soluções mais disruptivas, de alta tecnologia, é necessário não apenas cooperar com startups, mas também investir em algumas que tenham grande sinergia com a empresa, e o CVC é uma ferramenta que tem justamente esse objetivo.

Paula Puzzi, Corporate Venture Capital Manager da Suzano Ventures

 

Inovação aberta e ESG

Indo além da busca por um lugar no mercado e maior vantagem competitiva, a open innovation também pode contribuir com os índices de responsabilidade social e impactos positivos que uma empresa gera.

Para Paula, isso acontece quando a colaboração ajuda as organizações a encontrarem tecnologias e soluções para melhorar sua eficiência ambiental, suas práticas sociais e governança.

 

Muitos dos desafios de ESG são comuns a várias corporações, como diminuição de uso de energia, processos mais eficientes, gestão de resíduos, diversidade, projetos sociais, entre outros. Se fazem necessárias novas abordagens para acelerar essa temática, e uma startup com esse foco pode trazer uma solução mais disruptiva que corporações, que, por natureza, têm um processo mais tradicional e também precisam despender esforços para o seu negócio principal.

Paula Puzzi, Corporate Venture Capital Manager da Suzano Ventures

Outro ponto citado por ela é o impacto e eficiência que uma solução ESG pode ganhar ao ser utilizada por diferentes forças do ecossistema. “A inovação aberta tem essa característica de conectar diferentes atores e criar um ecossistema colaborativo para a criação e difusão de soluções inovadoras”, reforça.

 

Qual o cenário atual da inovação aberta?

Ao analisar o cenário e sua experiência com o ecossistema, Paula cita dois desafios que as empresas que já adotam ou desejam implementar a inovação aberta podem enfrentar em 2023:

– Evoluir da inovação incremental, que se resume em atualizar produtos e/ou serviços já existentes no mercado, para a inovação transformacional, que está ligada à descontinuação de um processo já estabelecido e introdução de tecnologias e ações inéditas.

“Esse movimento requer uma maturidade importante do processo, dado que quando falamos de inovação disruptiva os resultados demoram a aparecer e os times têm que ser muito resilientes para buscar atingir objetivos de negócio mensuráveis”, explica.

– Sair de um modelo linear de open innovation e passar a adotar um modelo de gestão de ecossistema, em que diferentes elos da cadeia trabalham em conjunto para desenvolver uma solução de maior complexidade, exigindo em alguns casos parcerias e uma abordagem de setor.

Já em relação às oportunidades que o novo ano irá trazer, ela cita:

– A alta do empreendedorismo de base científica, que está ganhando espaço devido à busca por soluções conectadas a novos materiais e mudanças climáticas. “Com isso, observa-se evoluções nos processos e chamadas mais estruturadas para transformar iniciativas de Pesquisa & Desenvolvimento em negócios, gerando pipeline para investidas early-stage. Países como Suécia, Finlândia e Israel são boas referências desta abordagem”, afirma a Corporate Venture Capital Manager da Suzano Ventures.

– Possibilidade de adotar uma tendência em primeira mão: conectando com o ponto anterior da gestão de ecossistema, uma oportunidade é adotar a inovação aberta como estratégia para integrar as principais tendências de tecnologia e inovação aos produtos e serviços da sua corporação, e utilizar isso como vantagem competitiva. Um exemplo muito comentado nos últimos meses é o da Microsoft, que se uniu à Open AI para integrar o ChatGPT ao Microsoft Bing e liderar a corrida da inteligência artificial para os motores de busca.

 

Como dar início a essa jornada?

Depois de descobrir o que é inovação aberta, suas principais ferramentas, quais são as previsões para esse ano e as diversas formas que ela pode contribuir para o sucesso de uma empresa… Com certeza, você vai passar a adotar ou a investir mais ainda na estratégia, e nós da WE Impact podemos te ajudar nisso!

Nós criamos pontes entre startups e corporações, adicionando o impacto a esta equação ao promover a equidade de gênero nesses dois ecossistemas. Atuando no modelo de corporate venture building, nos certificamos de que as organizações acessem soluções tecnológicas e inovadoras de startups com liderança feminina, enquanto elas se beneficiam dessa interação para validar, desenvolver e expandir seus produtos direto no mercado.


Desde 2019, temos promovido conexões valiosas entre as startups lideradas por mulheres do nosso portfólio e grandes corporações que fazem parte da WE Impact Network. Preencha o formulário e cadastre-se para conversar com a gente.

Sobre a entrevistada

Paula Puzzi

Linkedin

Com quase 20 anos de experiência nas áreas de marketing, inovação e P&D de empresas B2B e B2C, desenvolveu uma visão de negócios holística e uma capacidade de construção de pontes e articulação entre diferentes áreas e parceiros da cadeia de valor, fomentando a criação de novos negócios e geração de valor.  

Atualmente, Paula é gerente na Suzano Ventures, o braço de CVC da Suzano, sendo responsável pelo desenho da estratégia, da tese e verticais de investimento, bem como toda sua estruturação. Entre os seus principais desafios, está a construção de um relacionamento no ecossistema global com o objetivo de identificar startups para investir e, com isso, acelerar algumas avenidas de crescimento da empresa, incluindo  novas aplicações da biomassa de eucalipto e embalagens sustentáveis.  

Uma vez investidas, também será responsável pelo desenvolvimento e gestão do plano de geração de valor, atuando nas sinergias entre as startups e a empresa-mãe, garantindo o suporte necessário para o desenvolvimento e crescimento da startup.