No Dia Internacional da Mulher, muitas empresas promovem ações e criam campanhas pautadas na luta pela equidade de gênero, valorização e empoderamento feminino. Essa é uma atitude super positiva, já que tais pautas são importantíssimas dentro e fora do ambiente corporativo.
Porém, para construir uma mudança real, elas não devem se concentrar apenas no mês de março, e sim incorporadas em políticas internas, práticas do dia a dia e no planejamento estratégico das empresas.
As corporações que realmente apoiam esses valores devem assumir a sua responsabilidade e trabalhá-los de forma consistente, criando um ambiente mais justo e igualitário para as mulheres. Além da função social, a equidade de gênero e a diversidade geram inúmeras vantagens competitivas para um negócio, como aumento nos lucros, produtividade, colaboração e inovação, de acordo com um estudo da McKinsey.
A sociedade em geral também ganha com essa transformação: uma pesquisa da ONU Mulheres indica que o PIB poderia crescer 26% se mulheres ocupassem mais posições de liderança, em igualdade com os homens.
Mesmo diante desse potencial, dados do relatório Mulheres na Liderança 2021 mostram que grande parte das corporações não estão verdadeiramente comprometidas com essas luta: somente 36% possuem um programa de treinamento da liderança feminina alinhado a um plano de carreira, 41% têm metas que visam equilibrar o número de homens e mulheres nas diretorias e vice-presidências e apenas 34% das companhias afirmaram ter um comitê para analisar a remuneração dos funcionários para investigar possíveis discrepâncias entre gêneros.
A organização em que você atua se preocupa de verdade com a diversidade e equidade de gênero ou dá atenção a essa agenda apenas durante o mês março? Siga as nossas dicas e transforme essa pauta sazonal em um verdadeiro compromisso de transformação e impacto:
Utilize a educação a favor da equidade de gênero
Estabeleça metas bem definidas
Adote os Princípios de Empoderamento das Mulheres
Promova a Representatividade
É comum que a maioria das pessoas que ocupam os cargos de tomada de decisões em uma empresa tenham características semelhantes.
O gênero é uma delas: segundo o Gender-Equality Index (GEI), quase 70% dos cargos de liderança nos conselhos são ocupados por homens. Isso faz com que outros grupos não se sintam representados e nem visualizem um futuro ocupando esses cargos, que são justamente os que contam com a autonomia necessária para mudar essa realidade.
Contratar pessoas de grupos minorizados socialmente, abrir espaço para o desenvolvimento de lideranças espontâneas e criar políticas de incentivo à ascensão dentro da empresa, sempre com um olhar interseccional – que leva em consideração as diferenças presentes dentro do gênero feminino, como raça, classe, deficiência e orientação sexual -, é fundamental para promover a equidade de gênero e a diversidade de maneira efetiva.
Tokenismo como barreira para a representatividade
Tokenismo é o nome dado para a prática em que um esforço apenas superficial ou simbólico é dedicado para incluir membros de grupos minorizados na empresa, mas sem oferecer os mesmos direitos ou trabalhar valores de inclusão naquele ambiente.
Além de estar longe dos ideais de transformação, essa conduta, usada para passar uma falsa imagem de diversidade e igualdade, aumenta as chances de a pessoa utilizada como o “token” da empresa se tornar alvo de violências no local de trabalho.
E interfere também nas atitudes de empresas verdadeiramente engajadas com a causa, mas não divulgam suas ações por receio de serem associadas a essa prática.
A fundadora da Transcendemos, Gabriela Augusto, ressalta a importância de vencer esse desafio:
Um desafio real é conciliar o fazer e o falar, que são importantes aspectos desse processo. Quando as empresas fazem algo em prol da diversidade e inclusão, elas impactam positivamente a vida das pessoas que estão no entorno do negócio, que participam do dia a dia, que trabalham e que consomem o produto ou serviço. Mas, à medida em que a organização se posiciona, ela tem o potencial tanto de inspirar seus pares quanto de promover uma mudança de consciência na sociedade.
Gabriela Augusto, fundadora da Transcendemos, no lançamento da cartilha Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups
Utilize a educação a favor da equidade de gênero
A capacitação é um passo fundamental na construção de um ambiente com maior representatividade, mas que vem sendo pouco explorado pelas corporações. Segundo o relatório Mulheres na Liderança 2021, somente 36% das organizações contam com um programa de treinamento da liderança feminina alinhado a um plano de carreira.
O conhecimento pode ser difundido não apenas para promover a ascensão profissional, transmitindo as habilidades e conhecimento necessários para as futuras líderes, mas também com o objetivo superar desafios estruturais, como remover barreiras culturais, vieses inconscientes e estereótipos de gênero.
O incentivo ao desenvolvimento deve levar em conta esses fatores, pensando em ações direcionadas às mulheres e promovendo treinamentos sobre diversidade a gestoras e gestores.
Algumas das opções abordadas na cartilha Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups, produzida pela WE Impact em parceria com a ONU Mulheres e a Gema Consultoria em Equidade, são:
- Planejar um cronograma de treinamentos recorrentes
- Diagnóstico das necessidades das mulheres do time como base para iniciativas de desenvolvimento profissional,
- Criar um repositório de materiais educacionais sobre gênero
- Reafirmar o compromisso com a equidade de gênero durante processos de onboarding.
Estabeleça metas bem definidas
Como a busca pela equidade de gênero deve ser um projeto permanente, deve receber comprometimento e atenção contínua.
Nesse sentido, é importante definir metas mensuráveis e medir o progresso em cada ação e projeto implementado.
Assim, a empresa consegue identificar os gargalos, os avanços e os resultados de sua busca pela equidade de gênero, evoluindo cada vez mais.
Uma ferramenta que pode apoiar o alcance das metas estabelecidas, são as certificações e compromissos que as empresas podem assumir publicamente, como:
- O Índice de Sustentabilidade Social (ISE), ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na Bovespa em relação a aspectos ambientais, saúde e segurança no trabalho e responsabilidade social;
- E o Prêmio WEPs, que identifica e reconhece empresas que estão aplicando correta e amplamente os WEPs da ONU Mulheres e do Pacto Global.
Adote os Princípios de Empoderamento das Mulheres
Na cartilha Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups, você encontra muitas outras dicas e mecanismos para promover ações contínuas a favor da equidade de gênero por meio dos negócios. O material, disponibilizado gratuitamente, mostra como as empresas podem impulsionar valores como diversidade, liderança e empoderamento feminino em todas as suas fases de desenvolvimento.
A cartilha apresenta ações concretas que podem ser adotados para implementar os 7 Princípios de Empoderamento Feminino da ONU, também conhecidos como WEPs, levando em consideração o ambiente e os desafios específicos das startups. Clique e confira.