O termo ESG (Environmental, Social and Governance) foi criado para aumentar a responsabilidade corporativa no mercado e vem cumprindo o que promete. A promoção e ampla divulgação de boas práticas ambientais, de governança e baseadas em pautas sociais são hoje grandes requisitos para investidores, consumidores e retenção de talentos.
Segundo o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), essas práticas cresceram 257% desde o final de 2005. Já o KPMG 2021 CEO Outlook: Brasil , relatório que reúne os aprendizados de grandes CEOs globais, mostra que 76% dos entrevistados e entrevistadas no país pretendem manter os ganhos de sustentabilidade obtidos durante o período de crise.
Enquanto isso, 70% modificaram seus programas de ESG, dando mais foco ao componente social, em razão da pandemia.
“As pessoas saíram da intenção para a intencionalidade, agir e não apenas pautar, com práticas efetivas de responsabilidade social. Essas pautas vão deixar de ser um diferencial para ser obrigação. Os pilares social e ambiental estarão no cerne do desenvolvimento e da constituição das empresas”
Lícia Souza, CEO da WE Impact, para o KPMG 2021 CEO Outlook: Brasil
Dados como esses nos mostram que o atual desafio não é convencer as corporações a aderirem ao ESG, mas sim buscar formas de padronizar as ações e mensurar os impactos dessas práticas, o que pode contribuir para o fim de más condutas como o greenwashing e o tokenismo e aumentar a eficácia do movimento.
Entenda mais sobre o tema e descubra como sua empresa pode acompanhar essa mudança:
A diversidade e a equidade de gênero no “S” do ESG
A diversidade e a equidade de gênero no “S” do ESG
Com o aumento do foco no pilar social, a adoção e divulgação de ações voltadas para a diversidade, inclusão e equidade se tornaram ainda mais importantes para as empresas. Como exemplo, podemos citar os novos requisitos atribuídos às integrantes da Nasdaq, que devem promover ações de ampliação desses valores e ter, no mínimo, dois diretores pertencentes a grupos minorizados.
Na falta de um padrão global, muitas corporações utilizam os ODS da ONU (agenda de desenvolvimento sustentável composta por 17 objetivos), para direcionar suas ações. Nesses casos, as políticas de diversidade e inclusão ajudam no cumprimento de três deles: objetivos 5 (Igualdade de Gênero), 8 (Trabalho Digno e Crescimento Econômico) e 10 (Redução das Desigualdades).
Aqui na WE Impact, ajudamos empresas a entregarem o pilar social por meio do apoio a negócios de tecnologia fundados por mulheres, que se dá por meio do investimento de capital financeiro, mas também estratégico.
Com a conexão com essas startups, grandes corporações têm a chance de contribuir para uma maior equidade de gênero no ecossistema e na sociedade, ao mesmo tempo em que destravam processos no caminho para a sua transformação digital.
Padronização de práticas ESG
Um levantamento da PwC e do Ibracon em 2020 mostrou que, entre 67 relatórios de ESG de empresas que integram o Ibovespa, apenas 20 tinham informações asseguradas por auditores independentes.
Além disso, a falta de padronização se tornou um desafio para a comparação entre organizações: foram identificados diferentes padrões em relação aos dados incluídos nos documentos.
Para a Bloomberg, empresa de tecnologia e dados para o mercado financeiro e agência de notícias, a regulamentação e a padronização contábil ficaram atrasadas diante da rápida ascensão do ESG, permitindo que cada organização adotasse um caminho, sem orientação e referências.
Em 2022, a comunidade ESG e a indústria de investimentos querem avançar nessa frente regulatória. Alguns passos importantes já surgiram no COP26, em novembro de 2021: a International Financial Reporting Standards Foundation – IFRS criou um conselho para estabelecer um padrão global de medição dos impactos ambientais causados pelas empresas.
Em dezembro, no Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou resolução que orienta que, a partir de 2023, as empresas de capital aberto no mercado divulguem informações sobre práticas ESG, desde a preparação de relatórios específicos de atividades com esse fim até o cálculo de inventário de emissão de gases de efeito estufa.
Assim como a popularização do termo, a padronização se inicia com foco em questões ambientais; mas a previsão é que a busca pelos padrões se estenda às práticas sociais e de governança.
Como acompanhar essa mudança?
Para que sua empresa possa acompanhar esse busca pela responsabilidade corporativa, é preciso que suas ações ambientais, sociais e de governo estejam bem estruturadas antes mesmo da padronização ser adotada.
Suas ações devem ser baseadas em valores voltados para a conservação do meio ambiente, como redução de impactos ambientais e fontes alternativas de energia; atenção para a sociedade, como a criação de políticas de inclusão e diversidade e projetos sociais; e uma boa governança corporativa, como a transparência e a previsão de riscos.
A B3, bolsa de valores oficial do Brasil, criou um guia com informações, reflexões e melhores atitudes que devem ser seguidas por grandes, médias e pequenas companhias nesse sentido.
Nele, são compartilhadas dicas e passos para alcançar a sustentabilidade empresarial, como:
1. Engaje a direção da empresa
Adotar práticas ESG deve ser uma decisão e/ou contar com o apoio da liderança. Muitas vezes, isso exige uma mudança de cultura e reformulação do planejamento estratégico, itens que necessitam da participação e eventuais ajustes por parte de quem toma as decisões.
2. Envolva o público interno
Para que a mudança seja realmente efetiva, é preciso também que toda a organização esteja alinhada aos princípios. Ações voltadas para a criação de uma cultura corporativa que reflita os novos compromissos da empresa é imprescindível.
3. Estabeleça a Governança voltada para ESG
Balancear resultados econômicos, sociais e ambientais envolve o enfrentamento de dilemas e a tomada de decisões de curto, médio e longo prazos. Para isso, é importante que a empresa crie uma estrutura de governança que inclua esses casos.
4. Descubra o que precisa ser mudado e estabeleça prioridades
Realizar um diagnóstico é primordial para poder verificar os hiatos existentes na empresa e gerar um plano de ação. Esse processo servirá para apontar as necessidades de alinhamento da organização e não desperdiçar recursos.
5. Estabeleça metas e assuma compromissos públicos
É necessário estabelecer metas claras e objetivas para o máximo de indicadores ESG e garantir que elas sejam de fácil monitoramento interno e externo.
Assumir compromissos públicos pode ajudar a empresa a aumentar a interação com stakeholders e sua vantagem competitiva, além de inspirar outras instituições a aderirem aos valores do ESG. O Pacto Global e os Princípios de Empoderamento das Mulheres são alguns exemplos.
6. Elabore uma política de sustentabilidade empresarial
Ter uma política de sustentabilidade é passo essencial para traduzir compromissos em objetivos e diretrizes. Ela deve conter as orientações básicas para a gestão da sustentabilidade na empresa, facilitando o planejamento e a execução de ações nas diferentes áreas de negócio, e ser aprovada pela alta direção/conselho de administração.
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