Fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais podem gerar desafios para determinados setores do mercado, mas também ditar as oportunidades e tendências corporativas.
Quem está à frente de uma empresa deve sempre se atentar a esses 6 pontos e utilizá-los em sua tomada de decisões, planejamento e nos processos de criação. Esse olhar estratégico pode se tornar uma grande vantagem competitiva, aumentando os níveis de aprendizado, escolhas certas e inovação.
Sabendo disso, a KPMG lançou o KPMG 2021 CEO Outlook: Brasil, estudo anual que reúne as principais tendências do mercado e lições para o próximo ano! As conclusões têm como base a consulta a executivos de todo o mundo que atuam em onze setores-chave da indústria: gestão de ativos, automotivo, bancário, consumo e varejo, energia, infraestrutura, seguros, life sciences, manufatura, tecnologia e telecomunicações.
Participaram na edição deste ano 50 profissionais C-level brasileiros, 260 sul-americanos e mais de 1,3 mil representantes dos Core Countries (grupo que envolve EUA, países da Europa e Ásia). O relatório mostra como os grandes líderes globais respondem às transformações e desafios de 2021 e quais expectativas e aprendizados estão levando para o futuro.
Além disso, um capítulo especial conta com entrevistas aprofundadas a 5 CEOs brasileiros, entre eles, a fundadora da WE Impact, Lícia Souza, que falou sobre sua visão para o próximo ano ao lado de Tânia Cosentino da Microsoft Brasil, Ricardo Mussa da Raízen, Viviane Mansi da Fundação Toyota e Henrique Carsalade Martins da Bookfield.
De forma geral, foi possível perceber um foco maior em ESG (Environmental, Social and Governance), inovação e tecnologia, além de novos horizontes de otimismo. Nesse artigo, vamos explorar a fundo cada ponto do relatório, abordando:
Tendências corporativas no Brasil
Tendências corporativas na América do sul
Aprendizados e conclusões para 2022
Tendências corporativas no Brasil
Doze meses depois da última análise realizada pela KPMG, o relatório registra que foi possível perceber sutis mudanças de direcionamento do Brasil.
Uma parcela expressiva (46%) de empresas registrou receita acima de US$ 10 bilhões no último ano fiscal, o que é mais que o dobro do registrado no estudo anterior. A porcentagem de empresas que registraram crescimento no período se manteve acima de 50%, entre elas as que mais cresceram foram as que possuem estrutura de capital aberto (76%).
A pesquisa deste ano detectou também a confiança dos CEOs brasileiros: 82% seguem confiantes com o crescimento da economia no país. Isso vale também para a economia global (64%) e para o setor em que operam, que contou com um crescimento de 10% (de 76% para 86%).
Já a expectativa de crescimento para a companhia caiu de 92% para 88% em relação ao último ano. Apesar disso, quem espera crescimento nos próximos três anos aposta em percentuais de 2,5% a 10% de expansão. Mesmo com uma queda de 4% em relação a 2020, a visão otimista continua quando se trata de ampliar a força de trabalho: 64% dos entrevistados e entrevistadas contratariam até 5% a mais de funcionários.
Além desse cenário geral, o estudo aponta também os principais aprendizados e tendências corporativas para o 2022. Confira a seguir!
Estratégias e riscos ao crescimento
As alianças estratégicas com terceiros e o crescimento orgânico se destacam como estratégias de crescimento no próximo triênio. Essas duas opções foram citadas por cerca 30% dos CEOs nas entrevistas.
As estratégias de M&A (fusões e aquisições) também chamaram a atenção, mesmo não estando entre as mais apontadas: metade dos entrevistados afirmam que não estão muito interessados em implementar, mas 40% declararam-se muito propensos a isso.
Cadeia de suprimentos
A pandemia impactou de tal modo a cadeia de fornecedores que, neste ano, esse item se posicionou entre as principais preocupações das empresas.
As tecnologias disruptivas foram a segunda ameaça mais indicada. O relatório aponta ainda que mesmo sendo um fator necessário, a segurança cibernética não está no horizonte das lideranças como potencial ameaça ao crescimento das organizações.
ESG
Em 2020, mais da metade dos CEOs avaliaram que havia uma forte demanda, por parte dos stakeholders, para relatórios mais transparentes de ESG. Após uma queda de 10%, esse fator surge com menos força. Agora, 40% têm essa opinião.
Muitos CEOs afirmaram que pretendem manter os ganhos de sustentabilidade obtidos durante o período de crise (76% dos brasileiros e 77% dos países do grupo de Core Countries). E mais de 80% nos dois blocos confirmam que modificaram o programa de ESG, colocando mais foco no componente social, em razão da pandemia.
Inovação
Se a tecnologia sempre foi importante para as organizações, depois da pandemia de Covid-19 ela se tornou fundamental, tanto em termos de competitividade, quanto no âmbito da adequação do trabalho ao home office. Em 2021, as empresas continuam investindo muito mais em novas tecnologias do que no desenvolvimento das habilidades da força de trabalho (64%).
A importância que as lideranças dão para sair na frente em termos de inovação é de 72% e houve uma queda de 8% no número de CEOs que entendem a disrupção tecnológica como oportunidade de mercado e não como ameaça (84%).
Por outro lado, houve aumento de 8% entre os que acreditam que uma estratégia cibernética forte é fundamental para gerar confiança por parte dos stakeholders (74%), o maior percentual nos últimos dois anos analisados.
Nesse sentido, 82% dos entrevistados e entrevistadas afirmaram estar bem-preparados para um ataque cibernético. Cada vez mais, as lideranças entendem que é necessário proteger não apenas o próprio ecossistema cibernético, como também o de toda a cadeia de fornecedores e parceiros de negócios. Em 2020m eram 70% que pensavam assim e, agora, são 84%.
Propósito corporativo
Antes, os propósitos das empresas estavam ligados ao retorno financeiro e em dar algum tipo de contribuição social. Agora, 58% delas têm como principal objetivo incorporar seus propósitos em tudo o que fazem, criando um valor de longo prazo, extensível a todos os stakeholders.
Para isso, foram apontadas duas principais estratégias: recompensas e incentivos às equipes (34%) e melhor alocação do capital (24%) – no relatório anterior, nenhuma dessas alternativas chegavam à casa dos 20%.
Confiança nos CEOs
Para a maioria dos entrevistados, o propósito da organização está vinculado à integridade pessoal dos CEOs. Por isso, as lideranças estão propensas a adotar medidas drásticas que preservem a boa reputação das empresas.
Em maioria, cerca de 70%, no Brasil e Core Countries, eles estão dispostos a ter seus ganhos vinculados a métricas de confiança e reputação. Por isso mesmo, não hesitariam em demitir um colega sênior que representa uma ameaça a essa boa reputação, mesmo que este tenha um bom desempenho.
Pandemia e desafios globais
Um percentual de 82% dos líderes acredita que alguns dos principais desafios globais – como a desigualdade de renda e as mudanças climáticas – são uma ameaça ao crescimento e valor de longo prazo de suas organizações.
Além disso, 66% dos CEOs acreditam que , na ausência de iniciativas do poder público, a sociedade busca nas empresas a solução para preencher desafios sociais como desigualdade de gênero e mudanças climáticas. Houve um aumento expressivo de 36% no número de respostas defendendo que as grandes empresas têm os recursos – financeiros e humanos – para ajudar os governos a encontrar soluções para os desafios globais prementes (78%).
Já os percentuais sobre os benefícios de uma organização que se compromete com a diversidade e a inclusão são maiores do que no ano anterior: a capacidade de atrair talentos de gerações mais jovens (26% ante 12%) e de trazer perspectivas diferentes que ajudam na tomada de decisões (20% antes 14%).
Tendências corporativas na América do sul
Boa parte das tendências corporativas, lições e perspectivas apontadas pelos brasileiros estão alinhadas com os sul-americanos. Um exemplo é o otimismo em relação ao futuro das companhias, setores e da economia nacional. Enquanto no Brasil 88% estão confiantes ou muito confiantes em relação aos próximos três anos das empresas que comandam, no apanhado sul-americano, esse índice é de 87%.
Uma realidade officeless parece distante nos dois casos. Uma pequena parte (16% no Brasil e 15% no continente) declarou que já diminuiu ou diminuirá a presença física de suas companhias, e menos da metade (26% e 35%) pretendem contratar pessoas que trabalham predominantemente de forma remota.
Já a flexibilização de horários, balanço entre vida pessoal e profissional e home office em determinados dias da semana são sinais do futuro do trabalho que parecem mais palpáveis no curto prazo.
Assim como no Brasil, os participantes da América do Sul (82%) acreditam que as grandes corporações possuem potencial para cooperar com o governo na busca por respostas aos grandes desafios globais. Além disso, os representantes das empresas são considerados cada vez mais responsáveis por parte dos cenários sociais, como equidade de gênero, raça e renda.
A visão da CEO da WE Impact
A edição 2021 do KPMG CEO Outlook: Brasil, contou com uma proporção de mulheres participantes bem maior que a de 2020: mais que o dobro. Nossa CEO, Lícia Souza, foi uma das CEOs que contribuiu para o estudo e também foi convidada para comentar a fundo sobre seus aprendizados e previsões de tendências corporativas.
No relatório, ela compartilha que, por conta das condições extremas enfrentadas em 2021, as empresas se tornaram mais resilientes, inovadoras e adeptas da tecnologia. E acredita que a rápida adaptação das startups em tempos de crise deve servir como exemplo para grandes empresas.
“Foi interessante essa mudança de adoção tecnológica, a digitalização, que antes não era prioridade. Automação, inteligência artificial, relacionamento com fornecedores e gestão baseada em dados ganharam protagonismo. Foi uma grande transformação, que ocorreu de maneira acelerada. E isso é algo perene, não tem volta”.
-Lícia Souza, CEO da WE Impact
Outro ponto abordado pela nossa CEO foi a aceleração da agenda ESG e a importância de olhar para essas práticas com constância: “as pessoas saíram da intenção para a intencionalidade – agir e não apenas pautar -, com práticas efetivas de responsabilidade social. Essas pautas vão deixar de ser um diferencial para ser obrigação. Os pilares social e ambiental estarão no cerne do desenvolvimento e da constituição das empresas”, observa.
Conclusão
Todos os CEOs consultados parecem ter aprendido valiosas lições com a pandemia da Covid-19: a importância fundamental da tecnologia; a necessidade de otimizar operações em amplo espectro como forma de prevenção de futuras crises; e a urgência de valorizar o capital humano.
De acordo com o relatório, algumas questões como o trabalho remoto, a baixa atenção à cibersegurança e o temor das tecnologias disruptivas tiveram alguns avanços, mas ainda precisam ser muito trabalhadas.
Em contrapartida, o comprometimento com o “S” do ESG, causas de renda, raça e gênero se mostram em constante evolução. As corporações estão incluindo cada vez mais o impacto social em seus propósitos de longo prazo.
Mais do que nunca se mostra fundamental proteger o meio ambiente e cuidar das pessoas, mostrando ao mundo que as organizações estão dispostas a assumir um papel central nessa nova ordem. Não é apenas uma questão de retorno financeiro ou de competitividade.
-KPMG 2021 CEO Outlook: Brasil
Se comprometer com a diversidade, inclusão e na resolução dos desafios globais vem se tornando uma verdadeira meta das empresas e não só pelo simples objetivo de aderir a tendências corporativas ou estratégias de marketing.
Todos esses fatores e o crescimento na busca pela tecnologia e inovação reforçam o otimismo dos CEOs entrevistados em relação ao crescimento da economia e dos setores em que atuam.
Para conferir o estudo completo, basta acessar o link.